LIVROS QUE FIZERAM REVOLUÇÕES - "AS PESSOAS FELIZES" DE AGUSTINA BESSA-LUÍS

PERCURSOS LITERÁRIOS EM LÍNGUA PORTUGUESA Livros que fizeram revoluções
AS PESSOAS FELIZES
de Agustina Bessa-Luís
A obra “As pessoas felizes” de Agustina Bessa-Luís explora as marcas da procura de independência e emancipação que antecede e desencadeia a Revolução do 25 de abril de 1974: a luta pela liberdade de expressão e de pensamento; os processos de transformação social e de rutura de valores; a busca incessante de felicidade.
Publicada em 1975, a narrativa abre caminho para a reflexão sobre as transformações em curso e constitui, em si mesma, matriz de uma revolução literária.
Esta aula aberta, dinamizada pela Professora Sofia Santos, propõe uma leitura da obra enquanto representação alegórica do processo revolucionário.
“As relações entre homens e mulheres estão no centro do mundo agustiniano. Em 1974, já muito tinha mudado sem que os revolucionários soubessem. Mas Agustina sabia. E as suas personagens também. Umas eram ou pensavam que eram pessoas felizes. Outras, porque já sabiam que as coisas tinham mudado, viviam inquietas e inseguras. A protagonista deste romance, Nel, é uma mulher que não é feliz do mesmo modo que os outros, homens e mulheres, mas que quer ser feliz, para o que terá de deixar de ser aquilo a que estava destinada. Há qualquer coisa de premonitório neste romance. Pelos costumes das pessoas, pelos sentimentos, pelas relações entre parentes e familiares, percebe-se que já muita coisa mudou ou está em mudança antes mesmo de a revolução acontecer. A revolução, aliás, é o coroar de um processo de mudança, mais do que o seu começo. Em algo de essencial, de fundamental, isto é, nos sentimentos, as coisas já eram diferentes antes de 1974.” António Barreto, Prefácio
Iniciativa do Centro de Língua Portuguesa no Mindelo integrada nas comemorações do 25 de abril e nas comemorações do centenário do nascimento de Agustina Bessa-Luís.